É sabão

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Não ser ninguém exceto, você mesmo num mundo que se esforça dia e noite pαra torná-lo igual a todo mundo.

Tenso, mas é verdade, participamos de vínculos insaciáveis de pessoas igualzinhas as outras, pois é assim, eu me sinto assim, quando recebo aqueles caderninhos do governo, estou me sentindo assim. Quando respeito uns professores de merda que não me incentivam a ser alguém na vida, eu me sinto assim. E quando tenho que prestar leis incabiveis, eu me sinto assim. Sei lá minha gente, somos um mundo padronizado, onde cada dia haverão mais de nós.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um turbilhão.

Mais um ano se passou mais 365 no meu historio de vida, mais 12 meses de evolução, mais muitas horas de paciência, o que lhe custam milhões de minutos gastos no dia-a-dia cotidiano do cidadão. Esse ano passou que nem um furacão, arrastou-me de uma certa forma que não posso negar que foi muito importante para quem eu me tornei hoje em dia, não que eu saiba muito bem quem eu sou, afinal, ainda faço parte dessa eterna busca sobre meu conhecimento, mas de certa forma esse ano foi como um imenso livro de aprendizado, passei por diversas situações e posso lhes dizer que foi algo muito valioso na minha memória futura, esse ano é um ano de histórias para meus netos, foi o ano que eu me senti mais verdadeiramente completa, foi o ano que a música se apoderou muito de mim, foi o ano que eu me perdi mais, foi o momento de foco no que eu queria e no que eu quero. Posso dizer que esse ano, passou rápido demais para a quantidade de acontecimentos marcados por esses tais dias,  esse ano meu dragão ficou mais presente junto com o provocador que lhe acompanha. Esse foi um ano importante na família, pois me aproximei bem mais dos meus pais, foi um ano importante na escola, aprendi que uma hora o bicho pega e temos que sentar e estudar para passar de ano. Aprendi a correr atrás do que eu quero e que certas muitas vezes eu não vou ter. Aprendi o quanto é bom ganhar dinheiro. Aprendi como é bom andar de abóbora, ou simplesmente ir ao maracatu, que me completou de uma forma significativa. Esse ano eu entendi mais dessa hipocrisia que me cerca. Foi o ano que eu tirei minha carteira de trabalho, foi o ano que tirei meu CPF, juntei a maior quantia de dinheiro que já tive em mãos, escrevi muito mais coisas e aprendia ficar mais calma e menos ansiosa com as coisas à minha volta. Entendi o como é importante aqueles momentos do dia-a-dia e como aquilo me faz um bem. Aprendi como é bonito pra cacete o céu às 6 da manhã. Esse ano eu comecei a gostar mais de gastar dinheiro. Esse ano eu fiz muita merda desnecessária, admito. Esse ano me mostrou a responsabilidade sobre meus atos e como uma coisa à toa pode-me foder de uma maneira incomparável. Esse ano por fim me mostrou como o teatro é importante na minha vida e por fim, me mostrou e me ensinou a ser mais completa. Que venha mais um ano e que seja tão bom quanto esse, que foi tão belo neste requisito de navegador.
Eu juro, que dias melhores virão.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

April come she will,
When streams are ripe and swell with rain.
May she will stay,
Resting in my arms again.

June she'll change her tune,
In restless walks she'll prowl the night.
July she will fly,
And give no warning to her flight.

August die she must,
The autumn winds blow chilly and cold.
September I'll remember,
A love once new has now grown old.



Uma homenagem à 

Simon & Garfunkel

domingo, 13 de dezembro de 2009

Um momento qualquer.

A noite silencia os meus sentimentos, meu canto se torna mais grave. Eu não sinto muito meus pés, ouvindo uma boa música, cantarolando segredos. Sigilosamente eu me tranco em um ciclo, daí eu me perco. Quando sei o que fazer. Sair com os pés descalços sobre a poeira que foi esquecida pelo tempo. A tranqüilidade do pequeno desespero que se faz dentro de mim. Percebemos que aquilo que concordamos já é uma idéia contraditória daquilo que acreditávamos, montamos nossas conseqüências por peças de madeira. Sendo assim, nos condena, condena algo que nem existe. Não tenho medo do meu medo e sim daquilo que ele pode me causar, das conseqüências de saber o resultado final, um portfólio em rascunho, um projeto viajante. Assim como os marinheiros anseiam pelo mar. Agora é meia noite, estou me perdendo cada vez mais, daí eu me acho. Posso dizer as coisas certas, aquilo que as pessoas querem ouvir, enxergar um novo dia nascendo, a certeza de que cada dia é um dia e mesmo assim tendo algo concreto que nós podemos sempre contar. Meu pé de milho, meu conceito variado. Hoje eu me enlouqueço, apenas para me provocar. É o meu dragão, viver a vida criando mistério, se fazendo amolecido o concretizado.

momento mauricio pereira.

Eu sou alguém que gosta de ver o Sol nascer nas madrugadas de quinta, a musica é minha companheira quando acordo e o silencio na noite é o meu perdão. As vezes sou espectadora da minha própria vida, com conflitos e desejos imperfeitos. Descrevo bem a confusão e o que está claro já é da vida seu próprio fato consumado. Me apago na luz, ilumino um sentimento quando está de noite. Sou alguém que se apaixonou pelas cores, mas prefere a poesia do branco e preto. Um sorriso amarelo ao roda pé da lembrança.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Gingando, vingando.
Coincidência interna.
Sorriso amarelo.
Abraço apertado.


                                                                                       Floreia.  

O tempo passou.

Confesso que esse tema me assusta um pouco, o tempo. O tempo que passa o tempo todo, que muitas vezes eu não penso muito nele em si. Os riscos que já vivi, sem pensar nele. Quantas pessoas revi depois de anos, todas mudadas, maiores, mais inteligentes ou mais idiotas. Pessoas que passaram por um furacão, o tempo. E mesmo com o tempo, o próprio inapropriado tempo, que nunca pará, ele nos condena, nos atinge. Os sonhos que tivemos quando criança e que já na fase adulta não lembramos mais, das promessas e dos desejos. Eu quero me lembrar, quero parar o tempo neste segundo. Quero poder ser assim para sempre, assim, tão eu mesma e tão confusa, tão menina. Queria poder espantar o futuro para longe, o futuro que eu espero tanto, hoje eu quero que ele desapareça. Saia de mim. Sai de perto. Vai para longe. Mesmo com todo esse desejo de parar o tempo me pego olhando para o relógio, mais uma vez tenho horários. Que horas são mesmo?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pitu.



Caju.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Escuro do quarto.

Feliz ou infelizmente, seja lá como for, a mudança das coisas não depende muito de mim. O andamento do sistema, o sistema nervoso. as respostas eventuais. As caraminholas, os cachos do meu cabelo. O odor. As noticias submissas deste momento tão sóbrio. Se deixar levar pela subjetividade. o silêncio. Aa canções pesadas, levantando a cabeça dos espectadores. Idéias sem o poder de mover o decorrer das coisas, eu me sinto meio perdida, em um mundo onde todos são capazes de se machucar aja tanta maquína e sonhos de concreto. Difícil dizer o que eu e como eu me sinto, irônia esse lance de tempo, tempo, pra que ter tempo? Para que se submeter ao tempo? Sei lá, seja lá o que eu estou dizendo, é preciso se dizer, olhar para a cidade, ficar quieta um pouco. Aproveitar esse desespero de conhecimento, do ócio, da vontade de acreditar nas certezas. E como tudo é tão diferente. Acho que temos mesmo que caminhas um pouco à sós. Olhar o vazio, o nada, entender como é aquilo. Meu dragão é essa incompetencia de entender como eu sou, mesmo sabendo que nunca vou entender, fico brava por não me entender, fico brava por ter vontade de acabar com esse mistério fabuloso que se forma dentro de mim. Não é preciso ter uma sequência. Sentir os cheiros, dar importancia aos sentidos. Não ter certeza do que se deseja, também é uma forma de ter força para buscar o que se quer, eu sei, tá tudo muito confuso, mas isso é mais um dialéto comigo mesmo, não quero que ninguém entenda, escrevo para descarregar, escorregar. Não ter pressa, não prensar essa situação. Já pensou como tudo tem uma forma engraçada? Como é bom viver neste momento? Ter certeza da incerteza. São noticias velhas de um jornal reciclado, movimentos circulares, fazer se sentir, sentir o que? Sei lá, admito que não faço a miníma idéia. Admito que tem momentos que tenho medo de escuro depois dele parecer tão interessante.  Tenho medo do comportamento humano, sendo assim não temendo o inacreditável, sim tornando o aceitável em irreal. Quem nunca quis ser princesa? E que princesa nunca quis se tornar uma pessoa comum? Colocar a culpa em outro por algo que você que acreditou. Como quando estamos tristes e em segundos vemos tudo mudar, mudança de estado, demolir. Seja como for. 
Não leia isso. 

Abana o rabo para esse olhar de cadela velha.

Queria poder voar, para de cima ver as pessoas feito formiga. Que me livrem do feito heróico, pois acho muita caretice esse lance egocêntrico de querer salvar o mundo sozinho ou ficar tranqüilo que alguém o salvará por você. Não peço que me entendam, pois na maioria das vezes eu não os entenderei. Gosto do agito, da galera, do movimento. Gosto de ficar sozinha refresca a responsabilidade que sempre cobram por si mesmas. Escrevo para me manter viva, gosto da sensação de ver as palavras se formando e gosto de saber que eu que fui a locutora sobre estas palavras. Gosto de lugares abertos eles mostram mais a amplitude do planeta. Não gosto muito de falar o que eu sinto, acho isso muito pessoal, muito meu. Sempre fui muito de escrever e desenhar em tudo, literalmente. Gosto de olhar todos os dias para meu armário todo rabiscado por frases dos grandes mestres ou minhas mesmo, gosto da sensação de sempre ter algo novo para propor. Gosto do romantismo, mas gosto muito da sensação de não ter muito a responsabilidade de um relacionamento, isso me deixa tranqüila. Adoro ouvir música popular brasileira, sempre gostei mais. É bom dar valor as riquezas culturais que nos restaram, é bom ouvir coisas que eram muito bem escritas e bem produzidas. Sempre tive um pezinho puxado na roda do povo, sempre estive mais no coletivo, no calor humano, é assim que eu sobrevivo, com meus amigos. Esse lance de empatia para mim, acho que não ta com nada, a melhor maneira de desarmar o canhão é com um largo sorriso mesmo, fico firme nessa opinião. O mundo para mim ta todo errado, mas quem é quem pra dizer o que é o certo e o que é o errado? Se as pessoas acham que a evolução é criar máquinas novas, deixem-nas. Eu to feliz em evoluir no conhecimento e nos meus sonhos. A desordem predomina minha vida, isso pode ser visto como uma coisa muito ruim por algumas pessoas, tipo a minha mãe. Gosto de me perder, dá o ar que eu poderia ir aonde eu quisesse. Religiosa, bem todo mundo tem suas crenças e quem sou eu para duvidar, para mim Deus é uma coisa muito mal contada, acho que esse lance da fé que é o ponto alfa, as pessoas não reconhecem que o poder de superar aquilo vem da vontade delas mesmas, por fim colocam a “culpa” em Deus.  A democracia é o ponto crucial da vida, estou com ela até o final. Sempre achei muito errado esse lance de proibição e tal, quer dizer depende. Não dá para largar uma arma na mão de uma criança e mandar matar um cara, para mim isso ta super errado e pessoas que concordam com a violência merecem o mesmo final. Esse lance de originalidade é uma coisa meio astrológica, ta no aquariano ser assim e junto com o ascendente leão, puta, fodeu. Sei total que a maioria das pessoas não vai ler o meu pequeno texto, geralmente hoje em dia elas têm preguiça de tentar entender alguma coisa, mas isso já não tem haver com elas em si e sim a massa que envolve ela a ser assim, para mim é total culpa do governo. Acho legais os vários tipos de português falado, gosto da boa pronuncia, mas isso não impede de que eu fale algumas gírias, confesso que acho um dito meio rude e inapropriado costume. Por fim gosto do gostinho de fim de tarde, das artes próprias ditas na vida, da esperança que nunca me abandona e da vontade de ser feliz.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não chore mais.

Chegam em nossas vidas que nem turbulações.
Secam nossas esperanças e te desanimam mais,
amigos indo embora, sumindo assim...
As recordações, indo embora assim.
Será que o melhor é deixar para trás?

Não.
Não chore mais, não, não chore mais.

Algumas horas vamos nos sentir tristes,
isso vai ser normal, oh, esperar o nosso momento.
Temos que ser fortes para aguentar esse
limite de expressão, sim temos que ser, seremos.
Nem sempre tudo vai dar certo.
Será que o melhor seria desistir?

Não.
Não chore mais, não, não chore mais.

Sentados na grama, vendo o por-do-Sol.
Em volta olhamos e observamos tudo ficar cinza.
Será que o mundo ainda tem solução?
Eu ainda me lembro, quando nossa liberdade
nos fazia acreditar, acreditar que ainda há,
ainda há pelo o que lutar.

Não, não.
Não chore mais, não chore, não.

Se por acaso a tempestade te tirar a visão,
acredite que vai conseguir...

tudo, tudo vai dar pé.
tudo, tudo, tudo vai dar pé.

Sim, ainda há pelo o que lutar,
sim, nós vamos conseguir parar de chorar.


Uma música refeita em cima de uma obra de Gilberto Gil.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Reza a Lenda.

Antigamente a pessoa que trabalhava era valorizada,
as pessoas que usavam a força física.
Ai chegou as máquinas e o trabalho braçal foi desvalorizado,
agora era o técnico operacional que era valorizado,
as pessoas que concertavam essas máquinas.
Depois disso as pessoas se igualaram,
chegamos na era que todos se tornaram em técnicos,
se igualando em um todo.
Reza a lenda, que hoje em dia é valorizado aquele que sonha.
Aquele que cria, ou se modifica no meio do milhão.
A cultura é a era que vivemos, onde muitas culturas
formam uma só. O sonho de se igualar ao bando.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Etapas.


A primeira etapa é aceitar, aceite qualquer coisa.
Aceite você, aceite o outro, aceite ócio, aceite a negação.
Admita, admita que você adora ouvir coisas bizarras
ou que você gosta de assitir tv de cabeça para baixo.
Admita que você muda constantemente e que nunca vai parar.
Ame, ame uma planta, ame uma meia, ame você. 

Um amigo, um menino, uma menina, ame apenas e isso bastará.
A segunda etapa é criar, crie mesmo sem saber o que
esta fazendo, crie pensamentos, uma história, uma foto.
Lembre. Apenas lembre de como aquilo foi bom para você
no momento e como o influênciou.
Fantasie, pinte, desenhe. Vai ver como é crucial.
Pegue fogo. Inflame algo. Se desapegue.
Ria, gargalhe, enlouqueça, as vezes é bom surtar.
A terceira etapa é imaginar. Imagine daqui dez anos
como tudo vai mudar, como as coisas se diluiram no tapete
e como certas coisas foram e nunca mais voltaram.
Cresça. Amadureça. E seja você.
Depois de tudo isso, você olha para trás pensa no que
passou e da um largo sorriso, você plantou a árvore
mais bonita de todas, a árvore da vida.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Borboletas dentro de mim.


Fédération Unie fou.

Tenho medo do tempo, pelo modo que ele afoga as coisas rapidamente, pela ferocidade que lhes cabe.
 Pelo simples fato dele controlar a sintonia das coisas, pelo modo que ele me castiga e me condena por colocação.
 Pelas manhãs que ele me forçou a acordar, pela sabedoria da saudade do próprio que lhe vangloriou e fez-se um novo dia. Tenha pena meu querido, desta quantia tão pequena que me causa uma sub-divisão.
E o pranto tão pequeno, satisfazendo meu desejo e anseio por perdão. O perdão aqui vivido é o tal do ocorrido que passou na contra-mão.

domingo, 15 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Damas da Noite.

As noites sólidas ao pranto de uma criança desperta a vontade incrédula de ser algo que se deseja ser. A espera de algo concretizado em suas próprias mãos. Os postes de luz ao léu iluminando o meio fio de uma calçada suja por sua história. Páginas plagiadas por sua decadência, ausência de certeza, informal. Dilatando, digerindo, difamando. Assediando. Já dizia meus mestres, que palavras digas por dizer não são apenas palavras em vão como informação barata se passando por conhecimento profundo. Não apenas os sentidos mas também os sentimentos dos cálculos. A cadência da vida, unida por notas músicas, porém que música é proposta para representar algo tão ampliado e profundo como a amplitude da vida. Tão ampliado que perdeu-se no foco.

Que culpa tem este céu de sua beleza?

A inconstante certeza que estamos sempre buscando um modo de ser feliz.
Inventando maneiras, pulando muros e barreiras, ó certeza cruel, ó indecisão.
Não sei ao certo o que nos faz, nem muito menos o que nos fez,  tenho a
concretização de que de algum modo não há modos de interpretar essa sede
de conhecimento continuo que é uma máquina que pede cada vez mais combustível.
Anda vontade, anda junto a minha própria loucura, anda, cria-se à beleza
que anda junto com a rapidez que este céu tem de me dominar assim tão belo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uma parte do todo.

Querendo ou não somos magnetizados pelas coisas que ns cercam e como elas nos dão a liberdade de senti-las com uma certa facilidade, talvez até nos impedindo de dizer não ou até mesmo critica-las, mas mesmo assim, as criticamos, estamos sempre buscando uma critica, mesmo que a coisa seja benefica, estamos cercados de conjunções e indenizações. Não sei. quer diz, não é. Não sou só eu que sinto essas coisas o mundo está cheio de pessoas para uma só sentir uma coisa só. Talvez não na mesma hora nem no mesmo lugar, mas sub dividindo o sentimento em vários, Atraindo algumas partes do todo para você, mas sem esquecer que um dia essa parte também já foi de outra pessoa. Agora estou sub divdindo uma parte das minhas idéis com o todo que forma minha massa. Não sei muito bem o que isso significa, mas estou tentando construr meu caminho com toda a insegurança de uma metáfora que nem se quer existe, enfim, até mais que eu estou em um novo curso.

sábado, 7 de novembro de 2009



Uma breve prévia de liberdade canaliza todos os bloqueios em um só lugar, na janela de escape. Sentindo, sorrindo, transmitindo. Ouvindo uma música e levitando na amplitude dos teus atos.
Bem, não tenho mais nada a dizer a não ser que a vida é para valer saravá.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cresce menina.

Hoje eu me sinto renovada, da podridão que me angustiava, hoje eu sinto que posso me salvar.
Hoje eu me sinto leve, um leve desespero de não ser do modo que eu estava sendo, um modo medíocre perante as coisas colocadas ao meu redor. Hoje eu vi ao invés de um corredor, um quintal.
Só de ver o tom que falava comigo ao telefone, ao sorrir quando me viu.
Minha querida, a ultima coisa que eu quero é te fazer sofrer. Pelas brigas e erros incontroláveis que eu fiz à você. Peço perdão. Me desculpe por ser assim, minha roda gigante que parece tão mais gigantesca agora. Meu exemplo, minha missão. Meu modo de pensar, de agir.
Minha rainha, meus penares e temores. Meus amores e anseios. Me desculpe pela forma que eu ando sendo.
Te amo minha mãe, de todo a raiva e suavidade acumulada no mundo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Benjamin.

Raiou o Sol, você é cegado pela luz que te dá a vida.
Um sopro para mudar todo rumo dos séculos...
Um dia você conhece alguém que aprendeu com outro
alguém qual é o sentido ou se não há sentido algum.
Você respira. Grita. Inflama. Você brota.
E simplesmente aprende que pelo resto da vida
você irá aprender e esquecer, idas e vindas.
E por fim, ira entender que nada se
esvaia ou some por completo.
Entende que é diferente e que nunca terá
o mesmo ponto alfa que outro alguém.
Pessoas passam por você, simplesmente passam.
É nesta hora que você sorri, abraça a vida e gargalha.
Oportunidades mudam tudo, mesmo que você não
as aproveite, riscos entendem seus medos,
mas será que o amor entende seus riscos?
Criar teoremas faz parte da explicação do nascimento
e também da morte, subitamente escondida na terra.
Sonhar também é escutar os sons das milhares
de vidas ao seu redor. E neste momento você observa
as luzes que ascendem e se apagam, o tempo todo.
As vozes nunca param para aqueles que
se entregam exageradamente. Uma constelação se
despindo por sorrisos, será?
E neste instante tem alguém se preparando
para morrer, ou simplesmente renascer.
Você ama e sofre, chora de alegria,
ri de desapontamento.
Você busca, o tempo todo.

They walked in Line.

BUM, a bomba estourou em volta de todos vocês, ninguém sabe controlar essa juventude sem limites. BUM BUM, estão começando a bater os pés, não sabem quando vão parar, oh-oh-oh, olha pára todas essas luzes que deixam a noite mais clara, ninguém sabe por onde começar... Todos reclamam por não ter direito algum mas acham de boa se apossar do direito dos outros. OH-OH, as luzes ascendem um túnel sem saída, você pode me ajudar a sair? BUM BUM BUM, ligaram o som, da para ouvir de qualquer lugar, todos estão ouvindo o novo hit pop, o que você está vendo na verdade é apenas uma imagem padronizada daquilo que querem que você veja, mas calma, não tem problema nenhum em ser padronizado, é apenas um novo jeito de dizer que você não se importa em ser mais um no meio do milhão. Tudo bem, eles vão te acobertar, é só ter um pouco mais de dinheiro que a maioria, você ficará a salvo com o poder de manipulação braçal. EH-EH você não consegue mais respirar, ficara girando no espaço, sem novas expectativas e tudo que você acreditou um dia se perderá, perderá a noção e tamanha importância para o seu conhecimento interno. Nada faz diferença agora, só não se esqueça de colocar óleo para sua engrenagem não falhar.

"Mulher , crie juízo, mostre os dentes com um sorriso"

Foi lá na mesa do seu joão, foi sim, eu a vi
dançando, e remexendo nas cadeiras, eu vi
a menina que causava inveja nas morenas
foi lá na estação, eu corri com ela, desprovida
de barreiras, foi sim, eu vi, e passei que nem
um furacão. Foi lá na praça que eu cantei uma
música para ela, apresentei um novo tipo de
samba, e lá na central da roda, lhe dei uma
rosa, apontei para a lua, e lhe prometi que não
ia lhe esquecer mais não.

Floreia, amor, floreia.

Se lembrar de lembrar muito mais,
mais vezes que eu não pude me esquecer de lembrar
as chances que eu tive de esquecer,
esquecer as lembranças vagas, pasageiras.
Assopra o bolo que te assombra, promete, pede,
pede cuidado menino, pede compaixão,
pede com carinho, de mansinho vai chegando
perto ao meu coração, se lembre de esquecer
as memórias inconfessáveis, até mesmo para você.
Suba no topo de uma árvore e contemple o leve
suspiro do desejo de ser um pouco mais do
que recordações em porta-retratos, se lembre.

Não se importa muito.

Não importa a forma oportuna que se forma diante de mim.
Já não se nota o tom da nota que desce pela minha garganta arranha gato. A porta se fechou pela brecha que me fez se perder por ai. A madrugadas dos embriagados da esquina é a vida se formando por uma metafórica teoria. A vida não é justa e nem se faz jus ao que lhe convém. Não tem por onde voltar. Gire a corda que te corta pelo movimento, criando conceitos até já não saber mais quem eu sou, hoje eu me perdi, perdi o movimento robótico que transforma algo que te libera em opressão. Irreal. Acorda bamba de algum sem equilíbrio e a ansiedade que satisfaz o morto vivo. Certas vezes se ama, ama essa vida cruel e desesperada de lutos e anseios que nos rodeia a cada suspiro.
Na imagem deformada de minha memória eu fui única, apenas para mim.
A multidão de claustrofóbicos enfurecidos perseguindo um mísero pensar. Agora estamos pensando com o coração, amando apenas com um leve desespero dentro de si.
Decadências não assustam, elas multiplicam a abertura em série dos cabimentos sem anseio. Eu fui a luta para descobrir algo que jamais vi, a luz que não funciona de noite, a sim, a noite, ela mostra em quem você realmente se transforma, ela habita sua mente inalando suas idéias igualadas. Hoje eu já não me arrependo do que eu fiz e se fiz algo que me arrependo eu apenas aceito a vaga idéia transformista de explicação, não a caminhos para lugar nenhum e sim lugares nenhuns que te levam para caminhos.
Pouco me importa, que música a vida me propõe, eu apenas danço, girando, girando, sem parar. No meu corpo tem duas mil vozes berrando e só agora eu consigo ouvir mais de uma claramente, eu não sei para onde elas me levam, mas até agora eu as desejo até o fim.

Minha alma não tem título.

- Que soltem os marinheiros, as aventuras inacreditáveis, os poetas enclausurados, as feiticeiras mais reprimidas, os fantasmas das óperas, criaturas mágicas, e encantamentos antigos, soltem todos, e não os reprima, por ser do jeito que eu sou, pelo meu jeito de criar fantasias, e de "soltar a boca no trombone", por gostar de rir um monte, e encher meu álbum de fotos, por ser sincera, e odiar mentiras, eles me entendem, os tesouros dos mares, eles não se escondem atoa, tem que ter coragem, para os encontrá-los, amantes não sofrem atoa, eles gostam do sabor da conquista, quer dizer, estou os citando, contando um pouco da minha fantasia, criando histórias, e ouvindo uma melodia que talvez nem a mim entendam, isto é, não peço para me entenderem, apenas acompanhem, as insanidades profundas, queria poder lhes dizer, que tudo que virá será para a vida boa, a lição medíocre, que o sistema impõe, bem deixe-as para lá, não me importa no momento, criar, fantasiar, adoro, chamar atenção, admito que me atrae, mas não é preciso citar que é melhor para lhes chamar atenção, jeito insignificante, é muito mais divertido pendurar uma melancia no pescoço, isso torna-o mais interessante. Acredito muito em astrologia, e nas "artes" da vida, sair da rotina, me atrae muito, e sonhar, sonhar, com tudo. -

Capitulo 3 – Tentativa de fuga.

Antônia já entrara no carro, saindo do prédio da Sra Carvalho, entrou no carro, com seu desenho em mãos, olhou para ele durante algum tempo, e não entendia muito bem o que estava acontecendo, cansada de achar respostas, voltou para casa, mas Rafaella não estava mais lá, tudo estava escuro, então ela ascendeu algumas luzes, subiu para seu quarto, onde se estendeu na cama, olhou o relógio, marcava 4 da tarde, e estava super escuro.
Um tempo depois ela apanhou o telefone.
- Alô, Fabi? É a Antônia, então queria saber se vai dar para você sair hoje, vai? A sim, então vem para cá umas dez, ai vamos, ok, beijos.
Antônia cantarolava baixinho, como uma flauta doce, pensou em rasgar o desenho, porém, algo a impossibilitava de fazer aquilo, é como se aquele papel fosse parte dela agora, como assim o contrário de tudo? Isto é possível. Bem seja lá o que for, ela não via muitas coisas ao avesso, e mesmo assim, já estava apavorada, mas ao mesmo tempo, intrigada e curiosa.
O tempo foi passando, no relógio, marcava dez para seis, e Antônia estava lendo um livro de Machado de Assis, memórias póstumas de Brás Cubas, quando, pausou e olhou para a janela, a Lua estava como um pôr-do-sol e sumia no horizonte, a menina olhou aquilo por um bom tempo, até se levantar e se sentar na janela, a Lua se foi, e logo em seguida aparecia o imenso sol, radiante, enorme, que ofuscou os olhos de Antônia, fazendo ela os tampar com a mão, era a coisa mais incrível e bizarra que ela já imaginara.
Ela ficou observando as luzes ascenderem no claro e até observou uma janela que havia uma mulher de cabelos vermelhos dançando sozinha, ela se movia lentamente como se ela fizesse parte do que ouvia, o que fez Antônia sorrir.
Era sexta-feira e ventava muito, o céu estava aberto.
Antônia vestiu um casaco por cima de sua blusa amassada, desceu as escadas lentamente até chegar no hall da casa onde viu Rafaella dormindo com linhas e blusas sobre o colo, ela saiu silenciosamente da casa. Caminhando pelas ruas apenas com o pedaço de papel na mão, o mesmo desenho, ela retirou seu maço de cigarros do bolso e ascendeu um, continuou a andar sem rumo. Observava as pessoas a sua volta como um senhor que procurava algo no chão, porém nada havia, ou uma mulher chorando ao pé de um orelhão com os olhos borrados, ou homens fumando que nem porcos com putas de mini saia e batom vermelho em sua volta. Então ela continuou a andar, tragando do seu cigarro e sentindo o vento bater no rosto.
- Com licença. – Antônia tragou seu cigarro e se se virou lentamente, olhando para um rapaz alto de cabelos mal cuidados, então, ela soltou a fumaça, fixamente olhando para ele. – Olá, eu queria saber como eu vou para o metrô mais perto daqui, a senhorita sabe?
Ela continuou parada depois sorriu.
- Eu vou passar na frente de um, quer me acompanhar?
Antônia não era muito de mostrar seu lado romântico, ela era conquistadora, sabia jogar, mas quando viu aquele rapaz na sua frente sentiu algo estranho, enfim.
- Adoraria. Chico, meu nome é Chico.
Ela apenas olhou para ele, acenou com a cabeça e começou a andar.
- E o seu? Como se chama? – Ele continuou.
- Antônia. – Falou ela terminando seu cigarro.
- Muito prazer. – Mas acontece que Chico era o típico rapaz romântico que se apaixonava fácil por garotas que estavam a sua volta, ele era tímido, havia acabado de chegar na cidade e não sabia muitas coisas da vida. – Para onde a senhorita disse que ia mesmo?
- Eu não disse.
- Ah, certo. – Então ela sorriu e ele ficou meio sem jeito.
Então ela parou.
- Certo, por que paramos? – Então ela levantou a sobrancelha e olhou para o lado, lá estava a entrada para o metrô. – Ah, certo. Bem adeus.
- Adeus. – Ela se virou e simplesmente foi embora, com a imensa vontade de rever aquele rapaz.
Nove horas, ela estava em casa, sentada no seu jardim desenhando uma flor quando seu celular tocou.
- Alô. Oi Fabi, a sim vamos, as onze? Ok. Está ótimo. Tchau.
Ela se arrumou, tomou um longo banho, colocou um vestido solto, soltou os longos cabelos cacheados passou um lápis preto nos olhos e ficou se olhando no espelho, imaginando aquela situação de coisas ao contrário, pensou como seria o outro lado do espelho e como seria ver literalmente tudo às avessas. Então ela desceu e foi para frente de casa esperar o táxi, olhou para cima e viu tudo claro.
Chegando ao lugar, era uma mega festa, com um som alto e pouca luz, mas para Antônia tudo estava bem claro e visível.
Depois de algumas doses a mais, ela já estava solta na pista de dança, onde fazia parte da música.
- Cara olha aquela garota.
- Acho que já a vi em algum lugar.
- Onde, cara?
- Não sei, se ela mostrasse o rosto.
- Vamos lá.
Dois rapazes, ambos curiosos por saber quem era Antônia e um deles já a conheciam, Chico e Gabriel se aproximaram de Antônia, dançando. Porém ela não ligou, continuou dançando.
- Eu a conheço ela, cara.
- Conhece? De onde?
Então ele parou e ficou observando ela dançar, ela não parava e cada vez mais se envolvia na melodia.
- Eu a conheço da vida. – E ele a cutucou por trás, fazendo ela se virar, os dois ficaram se olhando por alguns segundos.
- E ai? – Ele balançou a cabeça.
- Oi. – Ela continuou olhando para ele.
- Quer beber alguma coisa? – Ele perguntou.
- Na verdade, não. – E mais uma vez o alto rapaz, de cabelos mal cuidados ficou sem graça.
Já era 3 da manhã e o céu para Antônia já estava menos claro, outra vez ele ficaria escuro enquanto as pessoas o viam claro.
- Está bem, me ligue. – Ele pegou um papel e anotou o numero dele, esticando o papel para ela, que o pegou e jogou dentro da bolsa dando as costas para Chico.
- Uou, cara, o que foi isso? Parece que se deu mal na cantada. – E Gabriel caiu no riso.
- Eu nunca vi, ela simplesmente chega na minha vida e some, isso duas vezes no mesmo dia.
Antônia saiu da festa a começou a andar, meio tonta pela bebida ela se deitou no banco de uma praça e olhava para o céu mudando de cor, ficou lá até o céu escurecer por total, quando viu que já eram seis da manhã e ficara a madrugada toda em uma praça. Ela se levantou, estava calmo ela começou a andar sob um meio fio de uma calçada, então Antônia parou meio assustada, havia uma arvore a frente dela só que em cima ao invés de galhos e folhas eram raízes e em baixo haviam folhas e galhos, era uma imagem bizarra de se ver, ao andar mais um pouco todas as arvores que passavam por ela estavam iguais. Antônia passou a mão no rosto uma porção de vezes seguidas e as imagens estavam do mesmo jeito.
Caminhou por algum tempo até achar um táxi funcionando àquela hora, chegando em casa se jogando na cama como mármore.

Capitulo 2 – Critérios dos Críticos.

Antônia levantou-se em um pulo, como se tivesse afogado em suas próprias palavras, pois tentou soltar um berro, e não conseguiu olhando em volta e reconheceu seu quarto com a porta do armário semi-aberta e suas roupas e pilhas de livros jogados a beira da cama, sentou-se analisando seu próprio corpo com os dedos, meio assustada, olhou pela janela, estava tudo escuro, com a Lua cheia rodeada de estrelas.
- Antônia, ta acordada? – Falou uma voz feminina, que acompanhou com batidas levianas na porta. – Tônica, Bom dia.
- Entra. – Respondeu ainda analisando o seu redor, com uma certa curiosidade, e a porta se abriu, a mulher sorriu.
- Bom dia dorminhoca, já esta tarde, esqueceu que tens um compromisso? Antônia olhou para a mulher alta de cabelos lisos e castanhos, olhou para a janela.
- Bom dia? Mas está escuro. – Disse ela olhando para fora, vendo tudo negro.
- Escuro meu bem? Oras acho que alguém andou acordada a madrugada inteira. Aiai, Tônica, você não toma jeito.
- Rafaella, está escuro. Ainda não amanheceu, estou vendo o céu, ele está escuro. A mulher sorriu, olhou para Antônia abriu a boca, porém tornou a fechá-la. – Volte a dormir Rafaella, você está ficando maluca.
Antônia sem dizer uma palavra ficou indignada, levantou-se da cama, e despiu-se da roupa que estava vestindo, meio incrédula e imóvel, olhou para Rafaella que recolhia roupas jogadas no chão, se virou novamente, e foi para o chuveiro, enquanto deixava a água cair sob os cabelos, ficou pensando no que acontecera nas ultimas horas, e não conseguia ligar bem, se tudo que vira era realidade, ou fantasia. Tomou seu banho, se trocou, e desceu as escadas de sua casa, sem pregar o olho da janela, como se aquilo não fizesse o menor sentido. Como poderia? Se for dia, como poderia estar escuro, e se lembrou da caverna, com a imensa luz, com o Sol a seguindo, aonde era escuro, meio atormentada, sentou-se na mesa da cozinha, pegou uma maça e começou a mordê-la à toa. Tomada de curiosidades, foi interrompida por Rafaella, que trazia um saco plástico com alguns pertences dentro.
- Seja boa com eles, e vê se volta ao normal, eles vão achar você maluca. – Disse a mulher, franzindo o nariz, soltando uma gargalhada.
- Como se isso fosse muito difícil. – E as duas tornaram a rir, quando uma buzina aguda veio da frente. – Bem deve ser o Eduardo, bem, vou indo, até. - E Antônia, atravessou o jardim na escuridão, indo até o carro parado na frente do portão, entrou, colocando um papel sob o colo, e rabiscando a toa.
Depois de algum tempo, quando o carro parou na frente de um edifício, Antônia saiu do carro, entrando no prédio de mármore branco, passando pela portaria, e subindo pelo elevador, chegou ao destino, tocando suavemente a campainha, e vendo a porta se abrir, era uma senhora, curva já, cabelos roxos e um chalê cor púrpura.
- Bom Dia senhorita. – Disse a mulher sorrindo, e curvando-se, para arrumar as botas tortas, porém nada adiantou as botas estavam mais tortas do que antes e Antônia se segurou para não soltar um riso, pegando os óculos da bolsa, e colocando-os no rosto, tornando a sorrir para a senhora curva.
- Bom...- olhou para a janela, viu tudo escuro, e pensou em Rafaella falando, seja boa com eles, vão pensar que é maluca.- Bom dia senhora Carvalho. – E sorriu no final, como se nada acontecesse.
- A senhorita queria se candidatar ao emprego, certo? O que traz uma mocinha como você a esse tipo de emprego, quero dizer, jovens preferem a parte mais social, fofocas, e manchetes, aqui é mais rock N roll, devo lhe informar, que é preciso ter disposição, e muita imaginação. Sra Carvalho olhou para Antônia, virou-se de costas, pegando alguns papéis amassados, e voltou para o sofá, sentou-se ao lado da menina.
– Olhe está imagem, Srta. é muito antiga, e passou de gerações, até chegar até mim. – E ela virou o papel, mostrando uma figura dividida ao meio, de um lado dia e de outro noite, porém no lado do dia, mostrava-se a Lua, e da noite, mostrava-se o Sol, Antônia olhou para a senhora sentada a sua frente, com cabelos roxos e um chalê púrpura gasto, tentando disfarçar a indignação, como era possível ela saber? Com absoluta certeza, ela sabia, e se não soubesse? Melhor fingir que não reconheço a foto.
- Que interessante imagem, o que significa? - Falou ela, disfarçando a curiosidade.
- Significa que a pessoa que contiver esse dom verá tudo ao seu lado ao contrário.
- Tudo? Disse Antônia aliviada, ela não via tudo ao contrário, só os dias e noites, e ficou mais relaxada.
- Sim, tudo, no começo, começa com a troca do dia para a noite, e depois vai se aguçando as percepções, estou vendo que teve uma certa curiosidade nisso, sim?
- Sim senhora, é um assunto bem interessante, conhece alguém que tenha esse dom?
- Apenas uma pessoa depois de mim. – ela olhou para a menina, jogou o cabelo para trás. – Estou com ela nesse momento.
- Como a senhora sabe? Disse ela olhando fixamente para o olho da senhora Carvalho, sem ao menos piscar.
- A senhorita deixou cair isto. – E ela estendeu a mão para um papel em cima da mesa, desdobrando. – Se não me engano, estava desenhando no carro, e o enfiou no bolso, certo? Disse ela estendendo o papel a Antônia, e a menina pegou a folha que estava rabiscando no carro, e viu, um desenho igual ao que a mulher tinha acabado de mostrar, a diferença é que o dela estava sem cores e um pouco mal desenhado.
- Como é possível, eu desenhei sem saber, isto é algum tipo de maldição?
- Não minha querida, é um dom. Alias, está contratada, comece na segunda, mas não se esqueça, de dia se tens a Lua, e de noite se tens o Sol, adeus. – E ela saiu entrando no corredor

A menina que via coisas ao contrário.

Capitulo 1 – Sonhos também falam.

Antônia olhou para o lado, eram três da manhã, o crepúsculo iluminava seu quarto como uma lanterna fulminante, respirou fundo, e apenas olhava para a porta do seu guarda roupa semi-aberta, estava cansada de programar sua vida, então pegou um relógio antigo e desligou o alarme se virou para cima e adormeceu.
A claridade resgatava as miseras pontas de sombra do ambiente, as árvores cantavam com os próprios movimentos, como se fosse um balé e cada galho fosse uma sapatilha, o presente parecia congelar-se junto com o passado e o futuro, o vento soprava forte, e apesar do sol clarear, o ambiente estava frio Antônia olhava para os lados, procurando algum caminho a seguir, mas naquele momento, ela não se importou muito aonde ir, esfregando as mãos como se estivesse se livrando de algo muito pegajoso e seus cabelos louros e crespos esvoaçavam pelos traços de sua testa, como se estivessem querendo dançar e acompanhar o vento, o cheiro da maresia dominou o ambiente como um perfume muito forte de dama da noite, ela se sentou ao pé de uma árvore seca e ficou por muito tempo olhando as pequenas formigas levarem a gigantesca folha em suas costas até o formigueiro, a vontade de ajudar as formigas dominou Antônia por alguns minutos, porém ela desistiu, quando chegou a conclusão que as formigas iriam se ofender com a moleza que iriam levar, o que fez a menina sorrir. Encostando as costas no tronco, imaginando como chegara ali, nunca havia visto um lugar tão bonito, porém ficou aborrecida pelo detalhe de não aparecer ninguém para lhe fazer uma visita, seja lá quem fosse, deveria vir, estava um dia ótimo para visitas, isso ela já tinha presumido, olhava em volta novamente e resolveu deixar as formigas para dar uma olhada no local.
- Olá, tem alguém por aqui? – Disse ela calmamente, como se fosse a coisa mais obvia do mundo alguém aparecer do céu, apenas para lhe responder, porém ninguém respondeu, e o silencio predominava o local como farpas bem afiadas, ela se arrepiou quando o vento jogou seus cabelos para trás, esfregando os braços, e continuando a andar e começando a conversar com ela mesma já que era a única companhia. – Oras, como será que dou o fora deste lugar vazio? Deve haver um lugar, por onde eu cheguei, bem, não me lembro de chegar aqui, isto é um problema, calma Antônia, eu resolvo, apenas achar uma porta, é uma porta, bem, onde é que ira ter uma porta por aqui? Afinal, chatinho esse lugar.
Cansada, sentou-se na grama verde, e logo em seguida abaixou a coluna, deitando no macio chão de folhas, pensava, pensava, porém nenhum pensamento muito favorável lhe cabia, olhou diretamente para o sol e fechou os olhos com a claridade, espreguiçou-se no chão, e sentiu uma imensa vontade de cantarolar a toa, levantou-se em um pulo, e uma sensação que por sinal muito boa veio nela, e Antônia começou a dançar e cantarolar alto, no meio da grama verde como se nada no mundo pudesse fazer ela parar, resgatou do fundo do bolso um papel e uma caneta e começou a rabiscar como se tudo aquilo que estava sentindo fosse uma brisa suave na imensidão do espaço, o frio já tinha esplandecido junto as folhas que voavam para longe, ela sentiu que tudo estava escuro, como se ela pudesse ver ao invés de escuro, via claro, estava noite, mas para ela estava muito claro, tudo, como se a Lua fosse o Sol, e o vento fosse a brisa do amanhecer.
- É obvio. Por isso que não tem ninguém aqui, agora é noite, e não se sai a noite, afinal, as pessoas não podem enxergar no escuro, por isso o temem. – Terminou ela a frase como se tudo fizesse sentido agora, como se fosse uma coisa estúpida. Então Antônia tornou a fechar os olhos, com uma seriedade no respirar, como se ela temesse o escuro que agora era claro, abriu os olhos de impaciência e tornou a andar, só que desta vez andava em zigue-zague, e sempre voltava para o mesmo lugar, olhou em volta como se necessitasse de um sinal, mero que fosse, ela sabia que o entenderia, viu uma linha de pedrinhas, esperançosa começou a segui-las como se fosse a coisa mais interessante que já fez a vida inteira, andou, andou, e quando as pedrinhas acabaram davam-se para um vão em uma rocha, uma mera abertura no meio de pedras gigantescas.
- Ahá! Uma porta. – Ela sorriu, olhou para o céu que estava azul claro, não ousou em olhar para o Sol novamente, de tão claro, olhou para o vão, entrou sem se virar para trás, como a certeza que era ali que tivesse que ir fosse clara tanto quando o Sol que acabara de fugir, porém, no buraco, era muito claro também, como se o sol a seguisse iluminando o caminho, nada havia lá dentro, era uma caverna, só que não havia nada além de um lago azul, e pedras, nenhum animal, inseto, morcego ou coisa parecida então ela foi andando, em volta do lago, procurando uma outra entrada, porém nada via, caminhou por um bom tempo em volta do lago, e a imensa luz a acompanhava, depois de muito tempo, via o sol abaixando sua luz, como se fosse um pôr-do-sol dentro da própria caverna, distraída, virou-se para o lado, escorregou na beira do lado e caiu dentro da água gelada e azulada o lado não dava pé para ela, olhou para cima, quase não via mais o sol e alguma coisa a puxou para baixo.