É sabão

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Capitulo 3 – Tentativa de fuga.

Antônia já entrara no carro, saindo do prédio da Sra Carvalho, entrou no carro, com seu desenho em mãos, olhou para ele durante algum tempo, e não entendia muito bem o que estava acontecendo, cansada de achar respostas, voltou para casa, mas Rafaella não estava mais lá, tudo estava escuro, então ela ascendeu algumas luzes, subiu para seu quarto, onde se estendeu na cama, olhou o relógio, marcava 4 da tarde, e estava super escuro.
Um tempo depois ela apanhou o telefone.
- Alô, Fabi? É a Antônia, então queria saber se vai dar para você sair hoje, vai? A sim, então vem para cá umas dez, ai vamos, ok, beijos.
Antônia cantarolava baixinho, como uma flauta doce, pensou em rasgar o desenho, porém, algo a impossibilitava de fazer aquilo, é como se aquele papel fosse parte dela agora, como assim o contrário de tudo? Isto é possível. Bem seja lá o que for, ela não via muitas coisas ao avesso, e mesmo assim, já estava apavorada, mas ao mesmo tempo, intrigada e curiosa.
O tempo foi passando, no relógio, marcava dez para seis, e Antônia estava lendo um livro de Machado de Assis, memórias póstumas de Brás Cubas, quando, pausou e olhou para a janela, a Lua estava como um pôr-do-sol e sumia no horizonte, a menina olhou aquilo por um bom tempo, até se levantar e se sentar na janela, a Lua se foi, e logo em seguida aparecia o imenso sol, radiante, enorme, que ofuscou os olhos de Antônia, fazendo ela os tampar com a mão, era a coisa mais incrível e bizarra que ela já imaginara.
Ela ficou observando as luzes ascenderem no claro e até observou uma janela que havia uma mulher de cabelos vermelhos dançando sozinha, ela se movia lentamente como se ela fizesse parte do que ouvia, o que fez Antônia sorrir.
Era sexta-feira e ventava muito, o céu estava aberto.
Antônia vestiu um casaco por cima de sua blusa amassada, desceu as escadas lentamente até chegar no hall da casa onde viu Rafaella dormindo com linhas e blusas sobre o colo, ela saiu silenciosamente da casa. Caminhando pelas ruas apenas com o pedaço de papel na mão, o mesmo desenho, ela retirou seu maço de cigarros do bolso e ascendeu um, continuou a andar sem rumo. Observava as pessoas a sua volta como um senhor que procurava algo no chão, porém nada havia, ou uma mulher chorando ao pé de um orelhão com os olhos borrados, ou homens fumando que nem porcos com putas de mini saia e batom vermelho em sua volta. Então ela continuou a andar, tragando do seu cigarro e sentindo o vento bater no rosto.
- Com licença. – Antônia tragou seu cigarro e se se virou lentamente, olhando para um rapaz alto de cabelos mal cuidados, então, ela soltou a fumaça, fixamente olhando para ele. – Olá, eu queria saber como eu vou para o metrô mais perto daqui, a senhorita sabe?
Ela continuou parada depois sorriu.
- Eu vou passar na frente de um, quer me acompanhar?
Antônia não era muito de mostrar seu lado romântico, ela era conquistadora, sabia jogar, mas quando viu aquele rapaz na sua frente sentiu algo estranho, enfim.
- Adoraria. Chico, meu nome é Chico.
Ela apenas olhou para ele, acenou com a cabeça e começou a andar.
- E o seu? Como se chama? – Ele continuou.
- Antônia. – Falou ela terminando seu cigarro.
- Muito prazer. – Mas acontece que Chico era o típico rapaz romântico que se apaixonava fácil por garotas que estavam a sua volta, ele era tímido, havia acabado de chegar na cidade e não sabia muitas coisas da vida. – Para onde a senhorita disse que ia mesmo?
- Eu não disse.
- Ah, certo. – Então ela sorriu e ele ficou meio sem jeito.
Então ela parou.
- Certo, por que paramos? – Então ela levantou a sobrancelha e olhou para o lado, lá estava a entrada para o metrô. – Ah, certo. Bem adeus.
- Adeus. – Ela se virou e simplesmente foi embora, com a imensa vontade de rever aquele rapaz.
Nove horas, ela estava em casa, sentada no seu jardim desenhando uma flor quando seu celular tocou.
- Alô. Oi Fabi, a sim vamos, as onze? Ok. Está ótimo. Tchau.
Ela se arrumou, tomou um longo banho, colocou um vestido solto, soltou os longos cabelos cacheados passou um lápis preto nos olhos e ficou se olhando no espelho, imaginando aquela situação de coisas ao contrário, pensou como seria o outro lado do espelho e como seria ver literalmente tudo às avessas. Então ela desceu e foi para frente de casa esperar o táxi, olhou para cima e viu tudo claro.
Chegando ao lugar, era uma mega festa, com um som alto e pouca luz, mas para Antônia tudo estava bem claro e visível.
Depois de algumas doses a mais, ela já estava solta na pista de dança, onde fazia parte da música.
- Cara olha aquela garota.
- Acho que já a vi em algum lugar.
- Onde, cara?
- Não sei, se ela mostrasse o rosto.
- Vamos lá.
Dois rapazes, ambos curiosos por saber quem era Antônia e um deles já a conheciam, Chico e Gabriel se aproximaram de Antônia, dançando. Porém ela não ligou, continuou dançando.
- Eu a conheço ela, cara.
- Conhece? De onde?
Então ele parou e ficou observando ela dançar, ela não parava e cada vez mais se envolvia na melodia.
- Eu a conheço da vida. – E ele a cutucou por trás, fazendo ela se virar, os dois ficaram se olhando por alguns segundos.
- E ai? – Ele balançou a cabeça.
- Oi. – Ela continuou olhando para ele.
- Quer beber alguma coisa? – Ele perguntou.
- Na verdade, não. – E mais uma vez o alto rapaz, de cabelos mal cuidados ficou sem graça.
Já era 3 da manhã e o céu para Antônia já estava menos claro, outra vez ele ficaria escuro enquanto as pessoas o viam claro.
- Está bem, me ligue. – Ele pegou um papel e anotou o numero dele, esticando o papel para ela, que o pegou e jogou dentro da bolsa dando as costas para Chico.
- Uou, cara, o que foi isso? Parece que se deu mal na cantada. – E Gabriel caiu no riso.
- Eu nunca vi, ela simplesmente chega na minha vida e some, isso duas vezes no mesmo dia.
Antônia saiu da festa a começou a andar, meio tonta pela bebida ela se deitou no banco de uma praça e olhava para o céu mudando de cor, ficou lá até o céu escurecer por total, quando viu que já eram seis da manhã e ficara a madrugada toda em uma praça. Ela se levantou, estava calmo ela começou a andar sob um meio fio de uma calçada, então Antônia parou meio assustada, havia uma arvore a frente dela só que em cima ao invés de galhos e folhas eram raízes e em baixo haviam folhas e galhos, era uma imagem bizarra de se ver, ao andar mais um pouco todas as arvores que passavam por ela estavam iguais. Antônia passou a mão no rosto uma porção de vezes seguidas e as imagens estavam do mesmo jeito.
Caminhou por algum tempo até achar um táxi funcionando àquela hora, chegando em casa se jogando na cama como mármore.

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